Horácio Guimarães, o Tiozão Online: entre livros, cachorro peludo e café quente
- campusaraujo
- 7 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 4 dias

Horácio Guimarães, o Tiozão Online
Meu nome é Horácio Guimarães. Tenho 70 anos, uma coluna que range como porta velha de sobrado e um cachorro chamado Botox, que entende mais de poesia do que muito influenciador que vive fazendo resenha com voz sussurrada no TikTok.
Botox me acompanha em tudo: nas manhãs silenciosas, nos cafés frios esquecidos na mesa, nos livros abertos de propósito ou por descuido. Ele é pequeno, peludo, branco e tem aquele olhar que parece perguntar: "E aí, velho, vai continuar mentindo pra si mesmo ou já podemos começar o dia?"
Aqui você não vai encontrar teoria literária empoleirada em conceitos que parecem dor na lombar. Não me interessa a academia que celebra frases ocas como se fossem ouro maciço. Também não me interessa essa mania de acreditar que ler é um esporte de elite, um clube hermético onde todos falam baixo pra parecer inteligentes. Literatura não é vitrine, é quarto escuro. É travessia. É corte.
Este é um espaço pra quem lê com o estômago, com o peito aberto, com cicatrizes que ainda coçam. Pra quem já chorou com Dostoiévski, riu no meio de uma frase de Kafka sem entender completamente o que ele quis dizer, ou encontrou em Clarice Lispector uma lâmpada acesa dentro da própria carne. Pra quem já se apoiou num livro como quem se apoia em uma muleta emocional. Pra quem se perdeu, mas se perdeu com estilo.
Os textos aqui são curtos. Porque o tempo é curto. Mas o pensamento, não. O pensamento ainda insiste, ainda late, às vezes como Botox, às vezes como um silêncio que ninguém entende.
De vez em quando você vai encontrar meu amigo Anselmo por aqui, um ermitão genial que escreve como quem costura pele viva, mas guarda tudo na gaveta. Às vezes aparece minha filha Bianca, com seu amor exausto pela literatura, ou meu filho Gabriel, que carrega a dor no bolso como um bilhete antigo amassado.
Talvez não apareça ninguém e eu fique conversando com Botox ou com Conan, o invasor do meu cérebro. E se um texto incomodar você, ótimo! Incômodo é porta aberta. Talvez você se sinta pronto pro próximo texto, pra próxima dor nas costas. E aí, meu velho, se segura porque é a vida se renovando em você.


.jpg)

Comentários