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O Fim Lento do Império Romano do Ocidente

  • campusaraujo
  • 1 de nov.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 6 de nov.

Roma em chamas, soldado romano frente a frente com um bárbaro
476, a data mais superestimada da história. Roma em chamas, invadida por bárbaros. Em primeiro plano um soldado romano segurando uma lança à frente de um bárbaro que tem mão direita uma espada e com a outra mão segura um jovem romano.

Roma não Caiu, só Esqueceu de se Levantar


Se o leitor acha que o Império Romano do Ocidente “caiu” em 476, como um prédio mal construído, sinto dizer que não foi bem assim. Não houve um barulho de tijolos, nem gritos de legiões romanas correndo em chamas. O que houve foi um longo e tedioso processo de decadência de Roma, desses que fazem o paciente esquecer que já tá morto e continuar pagando imposto.


A data de 476, com o simpático bárbaro Odoacro depenando o último imperador, Rômulo Augústulo, serve mais pros professores de história organizarem o PowerPoint do que pra explicar qualquer coisa. A Roma Antiga já tava há décadas, pra não dizer séculos, se esfarelando como pão dormido.


O “colapso do Império Romano” foi mais um ato administrativo: Odoacro chega, tira a coroa do menino imperador (porque ele realmente era um menino), manda pra Constantinopla e diz: “Agora mando eu”. O resto da população deve ter pensado: “Tanto faz, desde que o pão e o circo continuem”, mas o pão tava caro e o circo, decadente.


O Império Romano já vinha sendo governado por generais estrangeiros, sustentado por mercenários que eram tão romanos quanto eu sou jogador de basquete da NBA.


A economia romana tava tão robusta quanto uma tábua de passar roupa, corroída por impostos e corrupção. As fronteiras, outrora guardadas por legiões romanas disciplinadas, tavam nas mãos de bárbaros que ora as defendiam, ora as saqueavam. As cidades minguavam, a população fugia pro campo e a infraestrutura, que já fora orgulho do mundo, apodrecia sem manutenção. Era a morte do Império Romano por mil cortes.


Mas o mais interessante, e aqui entra minha velha implicância com certos relatos, é que, pra muitos habitantes da época, nada de extraordinário aconteceu. O fazendeiro na Gália continuou plantando trigo, o ferreiro no norte da Itália seguiu forjando ferraduras, e o padre continuou pregando sobre o Juízo Final (spoiler: não era o de Roma).


A ideia de “queda do Império Romano” é retroativa, criada séculos depois pra organizar o caos num capítulo de livro. O Império Romano do Ocidente não caiu como um colosso tombando; ele foi se dissolvendo até que, um dia, já não havia mais o que chamar de Roma Antiga.


Ficou a herança romana: o latim, deformado, as estradas que ainda funcionavam mais ou menos, e a mania europeia de achar que civilização é sinônimo de capital lotada de burocratas.


No fundo, Roma não morreu. Ela só terceirizou a decadência de romana, e nós, dois mil anos depois, seguimos renovando o contrato.


 
 
 

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