Mora na filosofia, bróder
- campusaraujo
- 8 de jul.
- 2 min de leitura

Filosofia é quando você briga com você mesmo e perde
A primeira vez que li Nietzsche, fiquei dois dias sem saber se eu existia ou só fingia muito bem. Comecei a estudar filosofia porque queria vencer discussões.
Achei que, lendo os gregos, eu sairia de qualquer conversa com um argumento indestrutível. Que ilusão! Em vez disso, ganhei mais dúvidas que certezas, e uma tendência insuportável de questionar tudo, inclusive o preço do pão e a existência de Deus.
Lembro da minha primeira crise existencial: testava com 17 anos e tinha acabado de ler um parágrafo de Schopenhauer. Pensei: “Talvez eu seja só vontade cega de continuar me enganando.” Fui ao espelho, me olhei com ódio e fui tomar café. O café, ao menos, era real.
A filosofia é uma arte suicida de ideias. Você começa querendo saber o que é a verdade e acaba duvidando se o chão é chão mesmo. Os pré-socráticos
achavam que tudo era água, fogo ou caos. Os modernos diziam “penso, logo existo”, como se isso resolvesse alguma coisa. Depois vieram os existencialistas
e disseram: “Você existe, sim. E a culpa é sua.”
Filosofia não serve pra ganhar debates. Serve pra perder ilusões. Ela não responde, ela pergunta. E quando responde, o faz com tanta elegância que você nem percebe que foi insultado.
Hoje vejo gente dizendo que filosofia é “inútil”. Concordo. É inútil como a arte, o amor ou o silêncio. Só muda a vida a vida inteira. Se você ainda não brigou consigo mesmo, cuidado: talvez esteja aceitando tudo fácil demais. E quando brigar, lembre-se:
Você vai perder. Mas sairá mais sábio dessa surra.
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