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Trovadorismo - Amor platônico, flauta desafinada e medievalices

  • campusaraujo
  • 21 de jul.
  • 2 min de leitura

Como rimar dor, zombar do vizinho e ainda ganhar aplausos no século XIII


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Chamavam de Trovadorismo. E só o nome já parece som de alaúde afinado com o cotovelo. Foi o primeiro movimento literário da nossa civilização ocidental ou, pelo menos, o primeiro que juntou poesia, música e um monte de homem suspirando por mulheres casadas.


Começou na Provença, mas se espalhou feito fofoca em corte. Quando chegou a Portugal, ganhou o charme rústico do galego-português, oficializado por Dom Dinis, o rei que rimava. Foi ali que surgiu Paio Soares de Taveirós, que escreveu a tal Cantiga da Ribeirinha, basicamente um "oi sumida" do século XII.


Tudo se passava num cenário feudal, teocêntrico e fedido. A Igreja mandava mais que sogra. Os trovadores andavam por aí com flautas e cara de apaixonados, cantando pra damas inalcançáveis, que provavelmente nem sabiam seus nomes. Era amor de joelhos, no sentido literal e figurado.


Tinha também as cantigas de escárnio e maldizer, um tipo Twitter da época: indireta aqui, sarcasmo ali, e muita crítica disfarçada de trocadilho. Uma beleza. Essas pérolas eram reunidas em cancioneiros, uma espécie de diário poético da Idade Média. E o mais curioso: no meio daquele mundo duro, com peste, cruzada e falta de banho, brotava poesia. Vá entender.


No século XIV, o Trovadorismo foi murchando, substituído pelo Humanismo, que preferia falar de gente de verdade em vez de amores impossíveis. Mas deixemos o julgamento de lado: sem esses trovadores, talvez hoje a gente só escrevesse e-mails com bullet points. Eles nos ensinaram que até sofrer pode virar arte e que o amor impossível rende boas rimas. Se Paio Soares vivesse hoje, estaria no grupo da família mandando áudio de três minutos:


“Oi, prima da Ribeira… pensei em você ouvindo Marisa Monte.”


 
 
 

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